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[FLH0402-8] Teoria da História II

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O final do texto discute o conceito de sociedade como uma totalidade, recusando tanto a ideia vaga de "no todo há mais do que a mera soma das partes" quanto a ideia de Lenin de que o marxismo teria suas "três fontes" na filosofia alemã, na economia política inglesa, e no socialismo francês. Gramsci busca uma integração "orgânica" de todas as dimensões da sociedade como sua verdadeira totalidade, problematizando a diferença de base e superestrutura. Por fim, ele menciona explicitamente a tese de Lukács sobre a limitação da dialética à história e conclui recusando novamente a versão simplificada de Bukhárin a respeito do problema da teleologia.
Na continuação de seu argumento, Gramsci discute a perspectiva do materialismo de Bukhárin tomando três conceitos fundamentais como base. O primeiro é o de "imanência", associado pelo materialismo vulgar às tendências sociais estudadas pela sociologia e análogas às "leis" naturais; o segundo é de "forças produtivas", reduzido ao de "instrumento" de produção; o terceiro é o de "matéria", fundamento do de "materialismo" e que amalgama o marxismo, reduzido a uma sociologia, às ciências naturais. O projeto da Filosofia da Práxis de Gramsci fica, com essa crítica, ainda mais claro em seu propósito e delimitação.
A última parte do texto de Gramsci discutido no curso começa retomando a crítica à pretensão de Bukhárin de reduzir a Filosofia da Práxis a uma sociologia, caracterizada pela presença de leis gerais que deveriam funcionar de modo mecânico, e não em uma dialética aberta para a intervenção transformadora dos agentes sociais. Gramsci aqui avança em sua definição da Filosofia da práxis como uma "teoria revolucionária" e como uma filosofia independente, que não precisa recorrer a outras filosofias para amparar-se conceitualmente. É nesse contexto que ele escreve uma nota importante ao parágrafo 27, na qual, entre outras coisas, faz uma esclarecedora referência à influência de Hegel sobre Marx.
Na parte final do trecho dos "Cadernos do Cárcere" em discussão no presente bloco do curso de Teoria da História II, Gramsci desenvolve suas ideias sobre a relação entre história e filosofia, apontando a incompreensão por parte de Bukhárin a respeito da validade histórica de conceitos e filosofias do passado. Ele volta ao problema da "realidade do mundo exterior" para evidenciar a superficialidade da abordagem de Bukhárin que, ao ridicularizar o problema a partir do senso-comum, não percebe sua importância como crítica à religião, nos séculos XVII e XVIII, e a um materialismo mecanicista, no século XIX. Por fim, ele aborda diretamente a falta de compreensão histórica das filosofias passadas em geral, e da arte em particular, por parte do "Ensaio popular", sempre apresentando conceitos alternativos e mais complexos.
Na continuação de sua crítica ao "Ensaio popular" de Bukhárin, Gramsci passa a discutir com algum detalhe o conceito de "ciência" e de "materialismo" aí presente. Como preliminar, ele nota que uma terminologia está sempre vinculada a um contexto social e que tende a permanecer mesmo que esse contexto comece a desaparecer, pois a superestrutura que lhe era correspondente demora mais a se transformar. Por isso, o conceito de "ciência" de Bukhárin está mais vinculado, segundo Gramsci, a uma perspectiva próxima do materialismo iluminista francês do século XVIII, criticado já por Marx, e que deve ser substituído por uma perspectiva dialética de ciência, informada pela práxis revolucionária.
Na segunda parte do Caderno 11 dos "Cadernos do Cárcere", Gramsci começa a crítica direta do livro "Manual popular de sociologia marxista", que ele chama em geral de "Ensaio popular", publicado por Bukhárin em 1921. O aspecto essencial da crítica retoma conceitos apresentados no parágrafo 12 para indicar e recusar a tentativa de Bukhárin de condenar a filosofia a partir do ponto de vista do senso comum das classes populares. Gramsci afirma, ao contrário, que o correto é elevar esse senso comum ao nível de uma verdadeira filosofia revolucionária, dotando as classes populares da capacidade de formular sua própria teoria revolucionária e, daí seu projeto de ação transformadora da sociedade. Nesse contexto, Gramsci faz, a seguir, um série de considerações sobre a metafísica e a dialética.
Na segunda parte do texto, Gramsci reafirma a importância da própria classe trabalhadora elevar sua concepção de mundo a uma filosofia e define assim a tarefa do que chama de intelectual "orgânico". Ele é "orgânico" porque sua tarefa não se determina em um espaço vazio de luta de classes, mas no espaço mesmo dessa luta. Mas não deve conduzir como um iluminado a massa revolucionária, e sim contribuir para que ela mesma formule seu projeto de ação. Forma-se, com isso, um "bloco social" entre as várias formas de vida - arte, direito, ciência, economia - que rompe com a hegemonia da concepção de mundo anterior e institui uma nova concepção, verdadeiramente transformadora. É apenas dessa forma que se torna possível superar o fatalismo político e seu correspondente determinismo histórico.
O Caderno 11 dos "Cadernos do Cárcere" trata em geral da história e da filosofia como disciplinas estreitamente relacionadas. O parágrafo 12 desse texto, objeto do bloco inicial de nosso estudo de Gramsci, começa delineando conceitos fundamentais para o exame dessa relação, como o de senso comum, bom-senso, religião, filosofia e ideologia. Gramsci procura relacionar dialeticamente filosofia e senso comum para, de um lado, mostrar que "todos os homens são filósofos", removendo, com isso, as barreiras que impedem as classes trabalhadoras de acesso a uma forma de pensamento elaborada; e, de outro lado, afirmar a diferença entre senso comum e filosofia, para que não se aceite de modo conformista que as classes trabalhadoras não possam elevar sua concepção de mundo a um patamar de pensamento mais elaborado. Trata-se, de imediato, de um projeto político.
Esta introdução ao pensamento de Gramsci se completa com uma breve biografia do autor, acompanhando sua formação na Sardenha e sua militância no Partido Socialista Italiano desde 1913, depois da qual, em 1921, funda o Partido Comunista Italiano em 1921. Gramsci luta com seus companheiros de partido para reverter a ascensão fascista, ao mesmo tempo em que participa dos movimentos sociais do pós-guerra, em especial da tomada de Turim pelos conselhos de fábrica operários em 1920. Em 1926, apesar da imunidade de que gozava como deputado do Parlamento Italiano, Gramsci é preso por ordem de Mussolini e passa os últimos anos de sua vida na prisão, onde escreve seus "Cadernos do Cárcere".
O primeiro vídeo desta introdução apresenta o contexto histórico no qual se formou Antonio Gramsci, com a unificação da Itália entre 1859 e 1870, o chamado Risorgimento de sua vida política e cultural e a industrialização que se seguiu à unificação dos mercados regionais, antes divididos. A entrada da Itália na disputa imperialista na África levou o país a entrar na 1ª Guerra Mundial e, mesmo vitoriosa contra o Império Austro-húngaro em 1918, levou a um colapso financeiro, cujo resultado foram as greves e mobilizações operárias no que ficou conhecido como "biênio vermelho", entre 1919 e 1920. Foi essa situação que atemorizou as classes capitalistas na Itália, levando-as a entregar o poder ao Partido Fascista com a "marcha sobre Roma" em 1922.
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